Eu sei que vou me perder, engasgar, esquecer alguns detalhes - e o que eu menos queria era deixar os detalhes para trás. Mas é que é tanto, que eu não consigo simplesmente tirar daqui de dentro e colocar aqui fora. Pela primeira vez, depois de muito tempo, eu não estou pela metade. Nunca a saudade foi tão minha amiga e tão simpática comigo. Tem uma certa profundidade em tudo que me cerca e o mundo está bem mais vivo agora. E se houvesse um "PLIN" pronto para me levar para aquele mesmo tempo, sei que desejaria com a mesma força e o mesmo querer, ainda que naquele momento, pudesse me oferecer só a metade. Mas foi justamente depois desse momento, sendo só a metade, que eu consegui ser inteira outra vez. Há forças, chão, profundidade em tudo que eu faço e o mundo cheio de contrastante, para mim é um só: VOCÊ! Meus sonhos fora do lugar e os seus desenganos certeiros formaram um par perfeito. É como se não houvesse nada mais importante, como se apenas isso existisse. E embora a consciência insinue desgaste, tudo continua ali: vivo e indestrutível, com vozes, desejo, olhares, cheiro, pele e sorriso - o que antes me doía, hoje me faz bem. E dentro de mim, o tempo todo, eu sinto meu corpo se desdobrar de felicidade, como se eu não precisasse preencher meus espaços. Certezas tão absolutas quanto cegas. E o meu maior medo é de ser metade, outra vez, no fim desse novo caminho.
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