É estranho como me acostumei com a saudade, ela vem e fica para o chá da tarde. Nem me maltrata tanto assim, vai e fica de voltar daqui a uma semana. E eu sei que nem é amor. Só te carrego no meu presente porque você é o meu passado mais forte e claro. Sua voz chata contando piadas sem graça, que me fazem ri sozinha no caminho de volta. Então eu tenho a certeza absoluta de que não, não é você. E nem é amor. Porque você me olha apaixonado e no instante seguinte nem olha. O que eu sinto não cabe em mim, mas o contrário. É uma dor que eu já não sei ao certo onde bate. Uma voz acalma a tempestade, me faz sair de mim para ver a ferida, e não mais ser a ferida. Me diz para parar de sofrer, ir embora; e pede, por favor, para não desistir de você. Tua palavra não me alimenta, afinal nem é amor mesmo. E eu sei que não é você, porque se fosse eu desejaria que a noite não acabasse no lugar de esperar o amanhecer. Desfaço-me das partes de você que mais amo, apesar de nem ser amor. Olho, já sem chorar para você se aproximando. Um beijo enfim, não o dado porque se ama, mas com a secura e a realidade de não significar nada, para ninguém. Um beijo só, impossível de esquecer, impossível de amar, impossível de continuar. E eu lembro que nem é amor. Dou risada de mim mesma, porque acabaram os caminhos e olhe só, ninguém no mundo agüenta mais esse não amor. Até escrever que era o meu refúgio, se tornou algo ridículo. Lá vem ela escrever sobre ele, de novo. DE NOVO? É, de novo. Nem meu blog suporta mais eu não amar você. E de repente eu abro os olhos e vejo que não é pouco, nem a ponto de acabar. E não parece muito com não amor. Por que então, eu não amo? Eu lembro das cartinhas com desenhos bonitinhos. De você me abraçando forte querendo disfarçar o choro. Lembro de você morto de feliz em saber que eu estava ali olhando você cair, cair e cair até acertar uma manobra que eu nem faço idéia se existe mesmo. Lembro de como eu gosto do seu sorriso bobo, rindo de coisas bobas. De você dormindo lindo, lindo. E o seu cheiro que sempre ficava em mim. E eu me lembro da primeira vez que eu te vi e te achei meio feio, estranho. Até você me olhar e por algum motivo eu tive a certeza que o meu filho nasceria meio feio, estranho. Como posso eu não amar assim? E já quase no desespero, eu olho para o relógio e, vejam só... Ei, saudade, está na hora de ir embora, até semana que vem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário