quinta-feira, 18 de junho de 2009

Por muito tempo a minha paixão foi a chuva e o mar. Coisas que me marcaram. Tudo que me arrastava e me jogava de volta no passado. Me obrigava a estar ali, a permanecer ali. Quando o céu fechava, anunciando a chuva, as lágrimas escorriam. Olhando para o mar: a sua força, a sua confusão de “bem-te-quero/mal-te-quero”. Me rendia a sua vontade. Hoje eu vejo que mais do que marcas, aquilo era a materialização do meu interior. A escuridão, a solidão, o derretimento na chuva. A sedução e o domínio no mar. Hoje o cenário mudou. O céu está sempre aberto. O sol brilha lá fora e brilha aqui dentro. Troquei o mar por um jardim. As flores ainda estão começando a florescer mas já há paz em mim. O colorido me encanta mais que o verde-cinza do mar. O soprar do vento me leva aonde eu quero ir. Liberdade. O mar é grande; o meu jardim é pequeno. A chuva vem e se faz notória; o sol é simples, surge despercebido. A chuva me fez ser fria. O sol me aqueceu. Ele é o meu sol e o meu jardim. Sempre tive muita atração a coisas fortes e marcantes. Mas ele, simples, roubou todo o brilho dos meus olhos. Consegue tirar o meu ar de uma maneira segura, numa sensação boa. Sem desespero. Porque ele não tira tudo de mim aumentando o buraco. Me encontro nele. Me abraço no seu braço. Me sinto no seu beijo. Me escuto pela sua voz. Me entendo pelas suas perguntas. Sou eu enfim, porque ele é ele e isso não me faz mal algum.

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